quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sobre xícaras.

Das louças do armário da copa, da casa da minha avó.
As xícaras eram as mais lindas.
Tudo que era de porcelana, aos meus dedos, era proibido.
Mas eram nas pontas deles que estava meu aprendizado.
Os anjinhos da mesinha de centro, o sininho do criado mudo,
todos manuseadamente entendidos, discreta, longe dos olhares da vó.

As xícaras não.
Eram sagradas.

Tão belas quanto a boca das moças que tomavam chá, adultas e arrumadas,
de lábios que juntavam num beijo nas bordas ornada de flores
Elas ficavam ainda mais bonitas, as xícaras, depois das marcas de batom.
Femininas.

Elas são assim, pra mim, as coisas mais delicadas e femininas que eu me lembro
Feitas com a porcelana das bonecas, mais lindas por servirem.
Guardadas e escondida, como donzelas, na torre do armário da copa.








Meninas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário